Cientistas fazem projeções de clima mais quente no Brasil

Anderson Coelho/12-04-2013
Segundo especialistas, haverá diminuição das chuvas no Norte e Nordeste e aumento no Sul e Sudeste
São Paulo – O Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas, organismo científico criado pelo governo federal em 2009, publicou o primeiro de três estudos sobre os impactos do aquecimento global no Brasil. As projeções, de forma geral, mostram que haverá alta nas temperaturas do país no decorrer do século, diminuição das chuvas no Norte e Nordeste e aumento de chuva no Sul e Sudeste. As mudanças no volume de chuva podem oscilar entre 5% e 20% e na temperatura de 1 grau Celsius a 5°C na temperatura até o final do século dependendo do aquecimento global e da emissão de gases de efeito estufa. 

As projeções indicam mais secas prolongadas, principalmente nos biomas da Amazônia, Cerrado e Caatinga. "Levando em conta só o Brasil, todas as projeções indicam que o Norte e Nordeste são as regiões que devem ter uma condição de menos chuva e mais temperatura. No entorno do Semiárido (clima que predomina no interior dos estados nordestinos), onde já chove pouco, isso torna a situação preocupante. Inclusive com a possibilidade de uma transformação da área para desértica", destaca um dos coordenadores do painel, Tércio Ambrizzi, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP). 

Na Amazônia, segundo o estudo, haverá redução em 10% no volume de chuvas e aumento de temperatura de 1 ºC a 1,5°C até 2040. O estudo mostra que o desmatamento pode agravar a situação. A derrubada das matas elevará ainda mais a temperatura e diminuirá a umidade. 

Em 30 anos, o Pantanal deverá ter acréscimo médio de 1°C na temperatura e diminuição entre 5% e 15% nos padrões de chuva. Na região dos Pampas, as projeções são de 5% a 10% mais chuvoso e 1°C mais quente até 2040. 

"Em função do tipo de economia brasileira, que é uma economia agrícola, é preocupante esse cenário. Nós vamos ter o impacto muito grande em termos de nossas plantações. Soja, café, milho, vão ter de se deslocar, de onde são plantados hoje, para outras regiões mais adaptadas, com temperatura mais amena e umidade de solo e de precipitação diferentes", destaca Ambrizzi. 

As projeções demandaram três anos de estudos e envolveram mais de 300 cientistas brasileiros.

Folha web