Saudáveis e atrativos
Escolas de Ibiporã investem em pratos diferentes para conquistar paladar das crianças
Gisele Matias, cozinheira: "As crianças passam pela janela olhando para saber o que estamos preparando"
No CMEI Padre Cláudio Romano, as 195 crianças de 4 meses a 6 anos recebem diariamente três refeições: cardápio variado
Ibiporã - Qual o segredo para fazer com que as crianças se alimentem bem? Com tantas guloseimas no mercado e pais ocupados, manter os pequenos saudáveis é um desafio. Decisão aprovada no mês passado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado pretende proibir as cantinas de escolas de ensino básico de vender bebidas com baixo teor nutricional ou alimentos com quantidades elevadas de açúcar, gordura saturada, gordura trans ou sódio.
A cantina que desobedecer perde a licença e não terá o alvará de funcionamento renovado. O projeto ainda depende da aprovação dos deputados e da sanção da presidente Dilma Rousseff para virar lei, No Paraná, duas leis estaduais – 14.423/2004 e 14.885/2005 já colocam restrições na venda de alimentos não saudáveis nas cantinas escolares.
Para incutir hábitos saudáveis de alimentação, a escola é uma aliada importante. Experiência na rede escolar municipal de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) está mostrando que boa vontade e criatividade garantem um cardápio saudável e nutritivo, que conquista as crianças. Os cardápios são personalizados nas 27 unidades educacionais do município, respeitando as diferenças e preferências dos alunos.
No Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Padre Cláudio Romano, as 195 crianças de 4 meses a 6 anos recebem diariamente três refeições. O cardápio elaborado em conjunto com a nutricionista da secretaria municipal de Educação prevê desde refeições comuns, como arroz, feijão, carne e salada até, pratos diferentes, como quibe.
Rosângela Ernandes Braga da Silva, diretora do CMEI, conta que as crianças que entram ainda bebês na instituição se acostumam a comer melhor, pois vão formando o paladar desde cedo. "Não os forçamos a comer nada, mas vamos buscando formas de oferecer os alimentos de um jeito que eles aceitem melhor. Já tentamos fazer vitamina batendo as frutas com o leite, mas isso não foi bem aceito, por isso optamos por oferecer o leite com achocolatado e as frutas separadamente", exemplifica.
Mesmo a salada é oferecida para todas as crianças, que escolhem o quanto querem comer. Alguns até pegam as verduras do prato do colega, como Carlos Henrique de Carvalho, de 6 anos. "Gosto bastante de salada, principalmente de alface. Quero ficar forte igual ao Popeye", justifica, se referindo ao personagem de desenho animado. Isabele Regina Nogueira da Silva, de 5, também gosta bastante da salada, incluindo repolho, alface e tomate. "Em casa eu como também", garante.
Cristhiane Moya Pereira Ludwing, nutricionista da secretaria de Educação, explica que antes a merenda era apenas sopa ou macarronada, mas aos poucos as escolas foram mudando o cardápio. "Usamos os alimentos que são permitidos comprar, com os mesmos recursos, mas cada escola escolhe, com a nossa orientação, o que fazer com os ingredientes que são enviados a cada semana", diz.
A especialista conta que é importante oferecer na escola todos os nutrientes necessários para as crianças, principalmente para aquelas que devido à condição social não se alimentam bem em casa. "A alimentação também interfere no rendimento escolar. Infelizmente alguns alunos comem na sexta-feira na escola e só vão comer direito na segunda-feira. Há essa carência alimentar nas casas e precisamos suprir nas escolas", conta.
O cardápio diferenciado é decidido em conjunto pela direção da escola, as cozinheiras e a nutricionista. "As cozinheiras sabem do que as crianças gostam e também o que é possível fazer, levando-se em conta a estrutura da escola. Às vezes elas criam alguma coisa e me avisam, para saber se está tudo certo. Em outras elas pedem sugestões de como oferecer determinado alimento."
Truques
Em alguns casos os pratos do dia a dia também são enriquecidos e ganham um atrativo extra. A água do cozimento da beterraba ou do brócolis pode ser usada para fazer arroz, que vira o arroz da "Barbie" ou do "Hulk", conforme a cor e agrada aos pequenos, principalmente.
"Trabalhamos os alimentos, como frutas e verduras nas aulas. Algumas vezes as crianças também participam fazendo bolo, por exemplo. Nas reuniões de pais nós mostramos o cardápio que é servido para as crianças e alguns pais dizem que muitas vezes as crianças pedem para que eles façam alguma coisa em casa", conta Rosângela.
Os resultados da alimentação mais saudável podem ser percebidos também no peso das crianças. "Principalmente na Educação Fundamental, os alunos são pesados durante as aulas de Educação Física e em geral o que podemos perceber é que no início do ano os alunos das escolas mais carentes apresentam baixo peso e alguns alunos das escolas mais centrais apresentam sobrepeso. No final do ano isso já está mais estabilizado", conta Cristhiane.
A cantina que desobedecer perde a licença e não terá o alvará de funcionamento renovado. O projeto ainda depende da aprovação dos deputados e da sanção da presidente Dilma Rousseff para virar lei, No Paraná, duas leis estaduais – 14.423/2004 e 14.885/2005 já colocam restrições na venda de alimentos não saudáveis nas cantinas escolares.
Para incutir hábitos saudáveis de alimentação, a escola é uma aliada importante. Experiência na rede escolar municipal de Ibiporã (Região Metropolitana de Londrina) está mostrando que boa vontade e criatividade garantem um cardápio saudável e nutritivo, que conquista as crianças. Os cardápios são personalizados nas 27 unidades educacionais do município, respeitando as diferenças e preferências dos alunos.
No Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Padre Cláudio Romano, as 195 crianças de 4 meses a 6 anos recebem diariamente três refeições. O cardápio elaborado em conjunto com a nutricionista da secretaria municipal de Educação prevê desde refeições comuns, como arroz, feijão, carne e salada até, pratos diferentes, como quibe.
Rosângela Ernandes Braga da Silva, diretora do CMEI, conta que as crianças que entram ainda bebês na instituição se acostumam a comer melhor, pois vão formando o paladar desde cedo. "Não os forçamos a comer nada, mas vamos buscando formas de oferecer os alimentos de um jeito que eles aceitem melhor. Já tentamos fazer vitamina batendo as frutas com o leite, mas isso não foi bem aceito, por isso optamos por oferecer o leite com achocolatado e as frutas separadamente", exemplifica.
Mesmo a salada é oferecida para todas as crianças, que escolhem o quanto querem comer. Alguns até pegam as verduras do prato do colega, como Carlos Henrique de Carvalho, de 6 anos. "Gosto bastante de salada, principalmente de alface. Quero ficar forte igual ao Popeye", justifica, se referindo ao personagem de desenho animado. Isabele Regina Nogueira da Silva, de 5, também gosta bastante da salada, incluindo repolho, alface e tomate. "Em casa eu como também", garante.
Cristhiane Moya Pereira Ludwing, nutricionista da secretaria de Educação, explica que antes a merenda era apenas sopa ou macarronada, mas aos poucos as escolas foram mudando o cardápio. "Usamos os alimentos que são permitidos comprar, com os mesmos recursos, mas cada escola escolhe, com a nossa orientação, o que fazer com os ingredientes que são enviados a cada semana", diz.
A especialista conta que é importante oferecer na escola todos os nutrientes necessários para as crianças, principalmente para aquelas que devido à condição social não se alimentam bem em casa. "A alimentação também interfere no rendimento escolar. Infelizmente alguns alunos comem na sexta-feira na escola e só vão comer direito na segunda-feira. Há essa carência alimentar nas casas e precisamos suprir nas escolas", conta.
O cardápio diferenciado é decidido em conjunto pela direção da escola, as cozinheiras e a nutricionista. "As cozinheiras sabem do que as crianças gostam e também o que é possível fazer, levando-se em conta a estrutura da escola. Às vezes elas criam alguma coisa e me avisam, para saber se está tudo certo. Em outras elas pedem sugestões de como oferecer determinado alimento."
Truques
Em alguns casos os pratos do dia a dia também são enriquecidos e ganham um atrativo extra. A água do cozimento da beterraba ou do brócolis pode ser usada para fazer arroz, que vira o arroz da "Barbie" ou do "Hulk", conforme a cor e agrada aos pequenos, principalmente.
"Trabalhamos os alimentos, como frutas e verduras nas aulas. Algumas vezes as crianças também participam fazendo bolo, por exemplo. Nas reuniões de pais nós mostramos o cardápio que é servido para as crianças e alguns pais dizem que muitas vezes as crianças pedem para que eles façam alguma coisa em casa", conta Rosângela.
Os resultados da alimentação mais saudável podem ser percebidos também no peso das crianças. "Principalmente na Educação Fundamental, os alunos são pesados durante as aulas de Educação Física e em geral o que podemos perceber é que no início do ano os alunos das escolas mais carentes apresentam baixo peso e alguns alunos das escolas mais centrais apresentam sobrepeso. No final do ano isso já está mais estabilizado", conta Cristhiane.
Folha web