'Deus ia mudar minha história', diz mulher suspeita de matar a filha

A mãe da menina de seis anos, encontrada morta em Santa Tereza do Oeste, na região oeste do Paraná, confessou nesta terça-feira (29), que matou a criança. Em depoimento para a Polícia Civil de Cascavel, a mulher indicou onde o corpo havia sido enterrado e disse que batia na criança há um ano, por causa de um plano espiritual que ela precisava cumprir para melhorar de vida. Ela e uma amiga são suspeitas de cometer o crime em março deste ano. Conforme o delegado Edgar Santana, a amiga negou participação na morte.
No depoimento a mãe disse que era a amiga que mandava ela bater na criança. “Ela dizia que Deus tinha um plano na minha vida e que Deus ia mudar a minha história, que eu ia ter marido, prosperidade e toda essa história, só que para eu receber isso tinha um plano espiritual que eu tinha que fazer. E esse plano era corrigir os meus filhos e que se eles fizessem alguma coisa errada tinham que ser castigados. Eles tinham que apanhar”, conta a suspeita que tem outra filha de dois anos.
Ainda conforme a polícia, a mãe da criança disse que foi a amiga que bateu pela última vez na menina dias antes dela morrer. Também foi a amiga que mandou a criança dormir no porta-malas do carro, onde segundo a mãe, ela foi encontrada morta. “Ela dizia que eu batia com dó e que não estava dando certo o tratamento. Disse que Deus que mandou ela assumir o serviço, porque eu não sabia bater, que eu batia com dó”, diz a mãe.
Quando elas encontraram o corpo da criança, a mãe contou aos policiais que pensou em chamar as autoridades. “Eu falei não, vou chamar o Instituto Médico Legal (IML), só que como a menina estava toda marcada se a gente chamasse o IML eu ia ser presa“, lembra. Foi então que elas decidiram esconder o corpo.
O corpo da menina foi encontrado nesta terça-feira (29), em uma área rural de Santa Tereza do oeste, cidade próxima a Cascavel. As duas mulheres estão presas e vão responder pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver.O delegado Edgar Santana, que investiga o caso, disse que durante o depoimento a mulher não demonstrou arrependimento. “Em nenhum momento ela citou que estava arrependida, só queria saber a quantidade de pena que ela iria ter que cumprir e se havia alguma circunstância atenuante, como se ela confessasse e contribuísse com a investigação, mas em nenhum momento demonstrou qualquer remorso em face da morte de sua filha”, conta.
Entenda o caso
Em fevereiro, Jeferson Ramalho, pai da criança, registrou um Boletim de Ocorrência (B.O) sobre o desaparecimento da menina e da ex-mulher. "Os policiais foram atrás, mas constataram que elas não estavam desaparecidas e sim que tinham mudado de endereço", disse Santana. Nesta quinta-feira (24) o delegado informou que recebeu a informação de que a criança pudesse ter sido sequestrada.
Logo após a denúncia, a polícia deu início à novas buscas pela mãe da menina e a amiga dela. Elas foram localizadas na segunda-feira (29). "A mãe estava em um sítio, no distrito de São João e a amiga dela em um bairro da cidade", disse Edgar.
A dupla foi levada para a delegacia de Cascavel e conforme a polícia, durante depoimento, a mãe da menina confessou ter feito um ritual com a menor para purifícá-la. "Segundo o relato da mãe, a criança estava com 'algo ruim' e para purificá-la a menina teria que dormir no porta-malas do carro. Horas depois, quando retirou a criança, já sem vida, a mãe disse acreditar que a menina ressuscitaria. Dois dias depois, ao perceber que a criança estava mesmo morta, a mãe e a amiga resolveram enterrá-la", afirmou.